De vida simples, em 1974, trabalhava como vendedor em uma loja de tecidos no centro de Florianópolis. Logo depois, buscando maior remuneração, trocou o emprego no comércio pelo ofício de corretor de imóveis.

Aos 32 anos, já casado, e com a esposa grávida da sua primeira filha, Luhana Pawlick, viu a necessidade de elevar a renda do lar. Usou de seu conhecimento têxtil adquirido como vendedor de tecidos e como figurinista no teatro para dar início a sua trajetória como estilista de Alta-Costura.

Modesto, usando pedaços de rendas e tecidos que ganhava da loja onde trabalhou, e com a ajuda da esposa na parte de bordados e corte, começou a confeccionar para amigas e familiares. Criativo e autodidata, além de perfeccionista nas peças que produzia, interesses e elogios eram alcançados a cada baile e evento que iam, formando e expandindo sua clientela através dos admiradores das peças que produzia.

Não tendo mais como conciliar o trabalho na área imobiliária e a confecção das peças, em 1979 voltou-se totalmente à costura, contando com uma pequena equipe de costureiras, bordadores e alfaiates.

Com o aumento da procura por suas criações, impulsionado pelo carisma e simpatia excepcional no atendimento, e seriedade e dedicação no trabalho, suas roupas alcançaram a elite catarinense, e notado por profissionais e críticos de moda. Em 1982 seu nome já aparecia como ícone de roupas de gala e prêt-à-porter.

Em 1985 construiu o atelier de mais de 400m², para dois anos depois fundar a marca que leva seu nome. Com o passar dos anos, Gesoni Pawlick tornou-se sinônimo de bom gosto e requinte na moda catarinense, e já ganhava notoriedade por todo o Brasil, conquistando inclusive clientes em algumas partes da europa.
Arrojado, e com uma equipe de ~50 pessoas, em 2004 abriu a Gesoni Pawlick Store, uma loja elegante e luxuosa onde vendia e alugava vestidos de noiva e festa, além de ternos e smokings.

Visionário, em 2007 aceitou a parceria com a Canatiba, provando que o jeans também poderia estar presentes em festas mais refinadas. Por alguns anos criou e confeccionou algumas coleções de vestidos de alta moda usando o brim como tecido principal.

Consagrou-se na alta-costura brasileira com os exclusivos vestidos de noiva e debutantes bordados em cristais europeus e aplicações de rendas francesas, italianas e nacionais de alto padrão. Possuía clientes nos EUA, Londres, Itália, França e Singapura, além das clientes que levavam seus vestidos para se casarem em outros países.

Ícone da haute couture brasileira, seu empenho e dedicação foram reconhecidos em revistas, jornais, prêmios e menções que recebeu ao longo dos anos, como o troféu Super Cap de Ouro, Alan Braga em 95 e 2004, Melhores de SC 2004, Vestido do Ano pela Inesquecível Casamento, e tantos outros, inclusive no exterior com a coleção inspirada em Dubai.

Seus desfiles luxuosos e de extremo bom gosto, eram marcados pela ousadia e acabamento impecável das peças, - característica que o fez abrir mão dos calendários das semanas de moda -. Teve em seu casting as top models Isabella Fiorentino, Gianne Albertoni e Ticiane Pinheiro, além da Princesa Paola de Orleans e Bragança, que fechou o desfile da renomada coleção Elfos.

Gesoni dizia que o vestido perfeito era aquele que vestia a alma, satisfazia o desejo e realizava o sonho das mulheres. Via a Alta-Costura do Brasil de uma forma mais abrangente, como uma conexão cultural entre a arte, a moda e a arquitetura, colocando a forma feminina no centro deste contexto.

Era um dos poucos designers que dominava todas as etapas da criação de um vestido, desenhando inclusive a maioria de seus famosos bordados.

Seu trabalho se diferenciava também no atendimento, pois fazia um número reduzido de encontros para confecção do vestido: um para criar e definir o modelo, outro para a primeira prova onde usava uma adaptação da técnica de moulage, e o terceiro e último no momento da entrega do vestido; característica essa, que segue presente na grife Pawlick até hoje.

Gesoni Pawlick faleceu em maio de 2017, e deixou o legado de uma Alta-Costura moderna e única - singular -, além de uma legião de fãs e clientes pelo Brasil todo.

Em 2018 a marca Gesoni Pawlick se tornou apenas “Pawlick”, e segue com uma das mais renomadas do Brasil tendo como diretora criativa e Head a filha de Gesoni que inspirou toda essa trajetória, Luhana Pawlick.

Gesoni Pawlick

Nascido em 1946 no interior de Santa Catarina, Gesoni Pawlick, mudou-se para Florianópolis aos 13 anos e percorreu um grande caminho antes de chegar ao topo da Alta Moda no Brasil.
Apesar da infância humilde, sempre foi muito alegre e carismático. De fácil convívio, fazia amizades com facilidade, o que lhe permitiu conhecer pessoas de classe alta na juventude, podendo aprender e admirar ícones da pintura e música. Pró-ativo e disposto ao trabalho, nunca lhe faltou emprego ou oportunidades para seu sustento.

"Antes de vestir uma mulher, precisamos entender sua alma."

- Gesoni Pawlick